janeiro 31, 2005

Sem emenda

Como é que alguém pode ainda defender esta Administração americana? Como é que esta Administração, democraticamente eleita, é certo, se pode defender a ela própria? Como é que ainda se pode tolerar a permanência de prisioneiros de guerra em Guantanamo?
Foi Bush que declarou guerra à Al Qaeda (ao Iraque, como vimos) depois do 9/11. E foi Bush que, formalmente, a declarou terminada (a do Iraque, pelo menos), lembram-se, a bordo do US Enterprise. Estes são formalismos de uma guerra clássica - e foi com estes formalismos que Bush quis dar um sinal de resistência perante o novo tipo de ameaça do terrorismo global de Bin Laden.
Foi para guerras clássicas sobretudo, mas também para as outras, que em Genebra se convencionou um estatuto para prisioneiros de guerra. Um estatuto que não só protege os seus direitos (como seres) humanos, como impede a descida à barbárie final - que é a de considerar que seres humanos o não são - mesmo entre Nações em conflito. Barbáries clássicas, de guerrilha ou barbáries terroristas.
Qualquer delas - em qualquer delas se aplica a Convenção.
Sabíamos que Bush não ligava nenhuma aos parceiros (que ele chama de aliados) que lutam pelos mesmos ideais que proclama. Agora vamos vê-lo a desrespeitar a lei do seu próprio país. Da sua 5ª emenda.
E aí é que eu quero ver os acidentais delgados do costume a defender esta corja.

O Desespero no feminino


Conversas de mulheres sobre a homossexualidade masculina terminam sempre da mesma maneira: concorrência desleal num mercado já por si fraco. Afinal, o Dr. Lopes e eu sempre temos algo em comum. Também ele se sente ameaçado no seu mercado por um parzinho de olhos verdes.

Vícios públicos, virtudes privadas

Com Tocqueville, aprendemos que a liberdade dos antigos não era a liberdade dos modernos. Que os primeiros utilizavam a sua liberdade para discutir assuntos da res pública, e que os segundos a desenvolviam na sua esfera privada. Pois bem, a nossa sociedade não é nem antiga nem moderna: repousa à sombra de um limbo nebuloso em que a liberdade só serve para adornar placas de avenidas e ruas.

Que me interessa a mim se o Nuno come homens e snifa coca; se a Zita lambe mulheres e não se depila; se o Pedro troca de mulher como quem troca de camisa?

Tratando-se de responsáveis (esta palavra diz tudo) políticos, o caso muda de figura, obviamente. Porque o que o país precisa não é de uma pessoa com ideias e determinação para as concretizar, é de um homem do leme austero, com o crucifixo pendurado por cima da cama que só partilha com a mulher com quem é casado pela Igreja. Quantos de nós, solteiros ou mal-casados, não cumprimos as nossas funções profissionais com responsabilidade e empenho?

No dia 20 de Fevereiro, vou fazer alpinismo para a estátua do Marquês. Liberdade: eu já fui gay!

janeiro 30, 2005

O Desespero

O assunto que abordei atrás traz-me a uma segunda preocupação.
O que está em causa agora, nestas eleições em que a dúvida que resta em aberto é, aparentemente, a de saber se o PS ganha com maioria absoluta ou relativa, não é já apenas a questão da estabilidade governativa de um projecto a quatro anos. Passou também a ser a do julgamento de uma forma particular de fazer política.
Essa forma particular não tem nada que ver com diferenças ideológicas ou programáticas, e com o balanço (sempre legítimo) que dessas diferenças se faz. Tem, ANTES, que ver com o nível de processos a que os agentes políticos estão dispostos a recorrer na procura de um qualquer resultado – seja uma vitória eleitoral, seja, como parece ser o caso do PSD, o da mera salvação de uma direcção partidária.
A política não pode deixar de ser a actividade de trabalhar, de procurar, de insistir no contributo para o progresso de uma comunidade. Quando passar a ser a actividade de trabalhar, de procurar, de insistir no contributo para uma vitória eleitoral ou para a salvação de uma direcção partidária, então estamos, na minha opinião, perdidos.
E a adenda: o recurso de Santana Lopes a este tipo de expedientes só deixa à mostra o seu desepero cada vez mais evidente. Mais: é um tiro no pé – se é com este tipo de assuntos que pretende atingir o seu principal adversário, então alguém lhe devia explicar que com esta jogada de canhestre aliena a mobilização de boa parte do eleitorado urbano indeciso, precisamente, para o seu partido rival. Qualquer dia explico-vos como o PSOE foi francamente penalizado, nas sondagens e quase nas urnas, por desafiar Rajoy a assumir-se homossexual. E era muito bem feito.

A Espiral do Silêncio

Há limites para tudo.
O que Santana Lopes e o PSD fizeram hoje, ao comiciarem acerca de um tema como a homossexualidade – que nunca foi um tema-bandeira dos partidos de direita – roça o repugnante.
Sabemos que é um assunto sério. E que para as pessoas para quem mais do que um assunto a homossexualidade é uma cruz na sociedade em que ainda vivem, foi desde logo nítida a razão pela qual, de entre todos os momentos e de entre a totalidade dos líderes políticos, foi justamente Santana Lopes a arrancar com o debate: e não tem muito que ver com a defesa dos seus interesses (o que aliás, en passant, assumiu no comício).
Ponto primeiro: Santana Lopes e os seus acham que Sócrates é homossexual.
Ponto segundo: Santana Lopes e os seus acham que a homossexualidade é um ónus social que taxa candidatos políticos em muitos votos.
Anda no ar, latente, a insinuação disso mesmo. Sócrates não constitui o núcleo familiar dos cânones: não usa aliança nem aparece com a mulher em comícios. Porque não tem mulher (no sentido em que, ao que se sabe, não é casado).
Essas insinuações têm sido sopradas, alimentadas, tossidas e, inclusivamente, impressas em páginas de (proto)jornais.
O que se está a fazer com a busca deste tema para a campanha é, não um saudável debate sobre questões nas quais andamos ainda na idade medieval mas uma espiral de silêncio. Porque a resolução destes (permanecentes) estigmas e da sua correcta integração, nos vários âmbitos em sociedade, como são os casos da homossexualidade, da adopção de crianças por casais homossexuais, ou, e ainda, das uniões de facto para casais homossexuais, está ainda longe de estar adquirida em Portugal.
E então quando destas questões se produzem armas de arremesso (tudo menos político) eleitoral, mais longe ficamos. É partir dois pratos com o mesmo cartucho: não progredimos como comunidade numa área que nos envergonha, já não pela natureza mas pelo mofo (o silêncio); e elimina-se um adversário político com base em tudo menos no mérito das propostas (a espiral).

janeiro 21, 2005

Força de bloqueio


Todos os dias passo semáforos vermelhos e traços contínuos, infrinjo sinais de trânsito, falo ao telemóvel a conduzir; todas as noites buzino. Nunca fui multada em andamento.
O meu carro e eu própria fomos assaltados duas vezes. A polícia aconselhou-me paciência. Vendo que o combate ao pequeno crime não compensa, a mesma polícia decidiu agora mudar de padrão de especialização e enveredar pelo ramo do bloqueamento.
Hoje apeteceu-me bater no senhor agente que, depois de mais de uma hora de espera, me explicou com ar cúmplice que bastava eu ter estacionado após o outro sinal de proibição de estacionamento - exactamente igual ao ‘meu’ – para ter evitado o autocolante.
São estas pequenas coisas que me fazem esquecer a luz de Lisboa e o brilho do Tejo.

janeiro 20, 2005

A Nova City

Primeiro a Clock fair, agora o Central Business District. Marvila do meu imaginário infantil, para a qual era arrastada à noite pela minha mãe que por lá fazia consultas solidárias, vai agora ser transformada em cartão de visita da nossa Lisboa. Conheci as suas Azinhagas do Vale Fundão e dos Alfinetes ainda não havia o Parque das Nações e os habitantes de Chelas não diziam que moravam na Expo.

Do Vale formoso de cima rumo ao Vale formoso de baixo, a zona ganhará indubitavelmente novo esplendor com a chegada dos despejados do Terreiro do Paço. Recomenda-se o “Menino Júlio dos Caracóis” para jantares fora de horas.
E obrigada Pedro, por levantares o astral dos Lisboetas com as tuas megalomanias a custo e concretização zero.

janeiro 19, 2005

Bonjour tristesse


Refúgio junto ao Tejo numa tarde em tons de encarnado e rosa. O Cristo Rei acena-me, arrancando-me aos meus loucos de Lisboa e confrontando-me com a perda adiável, mas inevitável, de alguém. Por doença, por distância, por desencontro de afectos, todos nós vamos perdendo muitos alguéns com o tempo, mas nunca por haver uma razão válida, suficiente, racional, irrefutável. Também a caixa de Pandora chega por vezes com defeito a algumas pessoas. À dele, falta-lhe o essencial. Não queria que fosse, mas sei que irá. E que me vai fazer falta. Talvez por ser daquelas pessoas que encontramos tarde demais, mas que acabam por entrar para sempre.

Recolho os seus instantes e refaço o puzzle; descubro a solidão e a saudade de um tempo que não foi.

janeiro 18, 2005

Espectáculo!

, diz com orgulho sempre que traz uma inovação lá para casa. Canos de alumínio, um chuveiro de massagens, telemóveis topo de gama novinhos em folha, Courvoisier a 25 Eros.
- Então e armas, não tem armas?
- Que género de armas?
- Calibre alto.
- Vou ver o que é que eles lá têm. Amanhã trago para ver.
E continuou a cuspir água para dentro dos buracos na parede.
Podia ter sido engenheiro; é canalizador e limpa piscinas. Dorme 4 horas por dia. Sonha ser jogador de futebol.
Primeiro contacto com o submundo e já sinto que vou ter saudades do meu supermercado romeno oxigenado.

Contra o PS

Manuel Pinho apareceu e o PS brotou. De ideias, números, quantificações e balizas macro-económicas. Realizações nominais para felicidades reais.
O que é o Pinho? O Pinho é o Vassoureiro. Reparem: se há dez anos tivéssemos todos reparado no Pinho e andássemos a decorar a casa sendo uns jovens remediados sem remédio, que antibiótico usávamos?: o Pinho. Esse. O do Vassoureiro!
Não é muito bonito e tem os nós à vista, mas ninguém leva a mal. Toda a gente vê e pensa que é momentâneo, que se deve à falta de guita (ou de gosto), que andamos à rasca porque engravidámos alguém e, para além do aparador em esferovite, temos que mostrar substância: ou seja, que andamos a mostrar a casa aos amigos à espera de um sinal de aprovação. E toda a gente reconhece o Pinho como um sinal de: “Olha como estão a começar aflitos..." vou achar: “Giro!” e dizer o bem que fica com a colcha de bilros!
Convém um aviso à navegação: os nossos pais não tiveram Pinho porque os avisaram que não valia um car...
Aviso número dois: é feio em qualquer país nórdico desenvolvido que esteja habituado a viver da "Welfare" e do frio, em qualquer dia da semana e duas vezes ao Domingo...
O Pinho não dá para sound-bytes, e por isso é fod...! Não nos serve de nada. É a sorte dele e da floresta portuguesa.
Sobretudo, dizem-me, que o Pinho quando está a arder numa lareira não dá o calor como o resto da lenha: dá estalidos, ráteres. Faz barulho. Não arde. Explode. Já antes vimos algo assim.

À Mónica.

janeiro 12, 2005

Jogadas Morais

Já não sei o que me impressiona mais: se o terceiro-mundismo de um ministro que aproveita o que julga ser a apatia generalizada para ir à grande de férias com uns amigos, às custas de todos menos do próprio (devo dizer que se alguma graça achei ao episódio foi na resposição da honra do dito garantindo ter pago as despesas extra), se o hipnotismo de nos termos, quase todos, deixado caír na distracção.
Há já algum tempo que os nossos mais credíveis opinion-makers andam a chamar a atenção para a desgenerescência na qualidade dos nossos actores políticos (vejam-se as listas do parlamento), e para a incapacidade angustiadamente perceptível nos partidos (e nomeadamente num PS embalado pelas perspectivas) em atraír a chamada boa-moeda, isto é, aqueles a quem nos gostamos de referir como "os mais capazes" em todos os sectores, da economia e gestão até ao urbanismo.
Perante este episódio sarnento, e, sobretudo, perante o alheamento dos mais atentos (e são tantos na blogoesfera) fica-me sempre a ideia sobre aquilo em que deverão pensar "os mais capazes": falar para quê e para quem? participar em quê se nada de relevante capta a atenção das pessoas, se nada as mobiliza? se o que interessa é o escalpe nominal em vez do progresso real?
Somos campeões a diagnosticar as nossas fraquezas e designadamente o despudor com que utilizamos fundos públicos para serviço próprio e sem nenhum espectro de razão ou moral. E ainda gostamos mais de ver quem anedota melhor no dia seguinte sobre a palhaçada da noite anterior.
E nada anda. O ministro pagou ou pediu desculpas? O PIB cresceu? O défice diminuiu?
Então, apontar-lhe o erro para quê? Apontar também ele sabe. Nomeadamente o polegar para cima à boleia do dinheiro de todos e da da acção de nenhuns dos "mais capazes".
Who's next?...

janeiro 11, 2005

A bomba


O mundo acordou novamente para o Império do meio: a bomba demográfica transformou-se, nas últimas décadas, em bomba económica e ameaça tornar-se uma bomba militar. O gigante chinês põe em causa todos os equilíbrios mundiais, desde a hiperpotência americana - que controla através dos seus défices comercial e federal -, ao comércio (e as indústrias nacionais) e ao ambiente.

A geração MacGyver sabe que uma bomba nunca rebenta assim que é activada. Há que dar tempo aos heróis para desarmá-la. Nós, heróis do mar, como sempre, agimos já depois da bomba ter rebentado. Valha-nos o Senhor Presidente da República, que se deslocou à China, puxando pela mão uma cadeia unida de uma centena de empresários. É a diplomacia económica portuguesa em reacção. Que o comércio de têxteis ia ser liberalizado e que não temos forma de concorrer com os preços chineses, já nós sabíamos desde 1995, não se trata de um acordo secreto; que a economia chinesa é a maior consumidora de energias fósseis e uma acérrima poluidora, também não é novidade; que os Chineses querem (e vão conseguir) levantar o embargo sobre as armas é tão previsível que até o Luís Delgado acertava.

Mais um triste exemplo de como a diplomacia portuguesa continua a ser reactiva, de como continuamos com esta tentação pequenina do ‘damage-control’, a nível mundial e regional. A bomba rebenta, abre-se o debate assim que todas as hipóteses se transformaram em certezas, lança-se uma campanha de mobilização e solidariedade nacional. Na Europa, enquanto nós ainda ponderamos a eventualidade de discutir o Tratado constitucional, já há quem discuta perspectivas financeiras, ou seja, o orçamento comunitário. Não, o importante não são os fundos estruturais. É o orçamento no seu conjunto, é a forma como serve os objectivos, as políticas e os poderes da União. Está tudo sob controlo. Quando a bomba rebentar, mandamos um alto dignatário da nação indignar-se e pedinchar a sopa dos pobres, em nome da sacro-santa coesão económica e social.
Enquanto isso, a Serra da Estrela arde em Janeiro.

janeiro 08, 2005

Small talk

Muito de vez em quando acontece-nos alguém. Já vos aconteceu isto: não ter relação absolutamente nenhuma com alguém muito bem definido, e no entanto, virgula não sei se ponto? Deixemo-nos de cerimónias: acontece quando queremos alguém que nos é estranho, distante, desinteressado, desmerecido, proíbido, vedado, in-comprometível. E fazemos por isso: seremos rídiculos, inoportunos e inconvenientes para nós próprios. Estamos contra nós mesmos. E ninguem ajuda – pelo contrário: encurralam-nos e fazem de nós trapo de desperdício. E a gente vai. Até que alguem nos explique por A mais B.
Há, no entanto, uma coisa que nunca percebi se é apenas imaginário de homem ou desprezo de mulher: vai não vai, e temos um destes hologramas permanentes de refluxo contrário. Que, aparentemente, dão troco.
Com a Raquel foi isso mesmo. deixei de acreditar nisso

Sinergias inesperadas

Isto não andava bem. Ando ainda em 2005 a medo.
Vai-se a ver, e hoje começa o ano a compôr-se. Para o resto da vida.

1 + 1 não são só dois.

janeiro 06, 2005

Apelo de Solidariedade - Casting

Esperamos por si hoje, a partir da meia-noite, no estádio do Dragão.
Vá de laranja ou todo nu (maquilhagem desnecessária - foto a preto e branco).
Preferência por mulheres grávidas ou acabadas de dar à luz bebés prematuros.
PAGAMOS BEM.
Os autocarros - equipados com incubadoras - partem da Estefânia (mulheres com crianças) e da Rua de São Caetano à Lapa (outros). Há coratos, vinho tinto e bolo rei.
Tel: 96 112 112 112 (por cada chamada será enviado 1 cêntimo ao Museu do Túnel do Marquês).
Feliz dia de reis.


janeiro 05, 2005

Ecoponto

Há também quem assegure que a elaboração das listas de candidatos a deputados dos partidos políticos é como os pilhões: só entra o que cabe naquele buraquinho, está lá para preservar o ambiente, serve para separar um tipo específico de detrito e o resultado é que acabamos sempre defraudados - nunca ninguém (os) vê.
PS: a confirmar-se a troca de Sónia Fertuzinhos por Miguel Laranjeiro nas listas do PS por Braga, então temos o regresso das pilhas alcalinas e o deperdício do Lithium mais consistente.

Divórcio ex-ante com justa causa

Querido,

Bem sei que andamos nisto desde os tempos da Velha Senhora, que construímos muita coisa juntos, que já ia sendo tempo de dar o nó. Lamento, mas vamos ter que dar um tempo. Nunca pensei que desse tanto trabalho fazer as listas dos convidados. Queixas-te que estou sempre a tentar impingir as minhas amigas de Coimbra, que a lista está enviesada para o nosso lado. Riscaste a minha melhor amiga de Braga; puseste o meu amigo de Setúbal a comer na cozinha.

Gosto de gostar de ti. Por enquanto, podes ficar com as jóias, a casa, o carro. Eu só quero mesmo uma lista nossa.

janeiro 04, 2005

Etnicamente correcto


Dez estádios de futebol, espelho do nosso orgulho nacional.
Por mais que acredite na necessidade de integração dos imigrantes, com as suas etnias, religiões e culturas, que escolheram viver no nosso país, sempre achei que isso não devia significar imposição dos nossos hábitos. A tentativa de manutenção do equilíbrio instável entre a nossa cultura e a deles significou quase sempre marginalização e/ou inacção. Não raras vezes, pesaram-me na consciência as condições de vida dos ciganos. Percebia que fazia parte da sua cultura viver assim, mas não percebia por que não fazíamos nada para melhorar – pensava eu na minha ingenuidade – as suas condições de vida. Afinal a ingenuidade não era assim tão grande. Tal é possível, graças a um novo conceito de habitação. Nascidas da partilha de culturas e da vontade de integração concertada, as habitações ‘etnicamente correctas’ permitem aos ciganos manter as suas tradições de vida colectiva, com as condições básicas de saneamento.

Prefiro orgulhar-me destes novos estádios de desenvolvimento. Oxalá possamos construir mais dez.

janeiro 03, 2005

Sondagem

Concorda, como eu, com a permanência de Santana Lopes como Presidente do PSD por muitos anos após a derrota eleitoral de 20 de Fevereiro, como tradução única da sobrevivência deste partido como solução sazonal de Governo, uma vez que personifica a melhor proposta que o maior partido da coligação em gestão foi capaz de produzir após o surto migratório de Barroso para a Comissão? **

Para respostas afirmativas comente Sim.
Para respostas negativas comente Sim.

** O emaranhado do texto deve-se a exigências constitucionais. Se acha que a pergunta, assim, resulta incipiente e inconclusiva: comente Sim.

Um ano melhor

Comecei 2004 num funeral e acabei-o num hospital.
Não queria que 2004 acabasse. Queria, simplesmente, que se apagasse.
Será pedir muito para 2005??

In cold blood on a love train

Two tons of sorrow down the toilet. No water flush.
Thanks for this hint of a new world. May fate and doom be with us.
Merecia uma foto junto à estrada, mas teremos que nos contentar com o kitsch das palavras singulares. Merry Xmas!