março 31, 2005

D-72

Há 28 dias, pedi ao Presidente da Comissão europeia que fizesse algo para promover a Europa em Portugal.

Até agora nada. Confesso que me dá um certo prazer pessoal saber que o programa "Cem dias para convencer" starring Barroso, que era suposto passar na televisão pública francesa foi suspenso sine die. Chirac e o seu eterno chauvinismo da Grande França ou a insustentável imprescindibilidade de Barroso?

Cá o esperamos, Dr. Durão.

Brisa do mar

Em atenção à oportunidade, sempre bem-vinda e apreciada (por mim, pelo menos), de lançamento de espaços de reflexão política – sejam revistas, blogues ou outros – cumpre parabenizar a mais recente edição, que vinha hoje com o “Público” e que gostosamente leva o nome de “Atlântico”.
Chamo a atenção sobre dois artigos, e não chamo a três porque o do "chô" Ramos desmerece o espaço cibernético: um onde o nosso ghost-contributor Acidental João Marques de Almeida escorrega para as teses de Manuel Alegre sobre o papel catalisador de propostas (verdadeiramente) à esquerda e à direita para arrastar o afamado centro do espectro político – o que só lhe fica bem; e outro onde a Dra. Manuela Franco nos traz de volta uma aragem do passado (ops!) com uma visão internacionalista boa paca!: Estado, Estado e Estado – o único actor que vale para tudo.
Inclusivamente para levar com as culpas por não funcionar como actor relevante para nada.

Que maka. Tô de olho vivo!
PS: as expressões apimentadas acima relevam do "meu Atlântico" angolano-brasileiro.

março 30, 2005

A lei de Murphy aplicada à família no local de trabalho

Aconteceu-me o pior de tudo.
Novo emprego, segundo ou terceiro dia de trabalho efectivo (desconto, portanto os primeiros três de conhecer a casa, ligar net, ter secretária - a mesa, não a funcionária) – e o que é que eu faço? Chego atrasado!
Mas não é isto o pior.
O pior é chegar atrasado, com cara de perdido culpado, depois de passar a noite monitorizando descargas vesiculares.
Pior ainda: o golpe final, o cúmulo do azar, o estigma perene também não é isto.
O impulso à demissão é ser recebido pelo pai à porta do local de trabalho, em amena cavaqueira com colegas que passaram a ser meus, mas que já foram dele - incluindo chefias.
Entre isto e uma entaladela no fecho eclair, venha a última com direito a descarga eléctrica no "Zeca".
Atirou-me: “Olha lá, isto é que são horas de entrar ao serviço?!”
Penso para mim que não, que não são…
Mas o pior, o pior de tudo, foi o que pensei a seguir, sorrindo sozinho enquanto subia as escadas a olhar para os sapatos:
“Não te tinhas reformado…?”

março 28, 2005

Voyeurismo

Por muito que tente, não consigo perceber como é possível as beneméritas almas cristãs não se compadecerem com a lenta agonia do Papa e continuarem a exigir que apareça, que as benza, que fale.
Será que não se arranja no nosso país um mártir oportunamente talhado para o cargo?

março 24, 2005

Tudo por Delgado!

O caso Delgado assume contornos horrendos, inaceitáveis e de uma desumanidade sem limites.
Ajudem este homem, já privado de tantos prazeres da vida. Quem souber gritar, grite. Quem souber rezar, reze. Quem souber cantar, cante. Tudo o que for possível para salvar Delgado!

março 23, 2005

Dentista Mao

Ninguém me tira da ideia que esta aflição nacionalista à conta da directiva de serviços que por hoje vai ebulindo em Bruxelas mais não é do que a velha táctica do abcesso, atentas as provocações que a Comissão Durão vem fazendo nos últimos dias, principalmente a Paris.
Focalizar o ranger de dentes num assunto específico quando o que está em cima da mesa é, tão somente, a viabilidade da estratégia de crescimento europeu até final da década – que pass(e)ou no Conselho sem debate nem votação - pode bem ter sido uma estratégia brilhante.
Razões para esta teoria? Duas:
A Europa é hoje uma confederação de chefes com falta de sentido internacionalista presos a agendas editoriais de tablóides caseiros e, portanto, uma directiva como esta, vital para a consolidação do mercado interno europeu mas ameaçadora de alguns monopólios nacionais, está ali mesmo a jeito para acicatar miopias de chancelarias – ainda por cima com o álibi do dumping social, que cola. Por isso só a Comissão se pode arvorar, aqui, de defender o interesse europeu colando os seus adversários ao lado do não ao Tratado;
Segundo, já antes vimos Durão usar esta técnica para levar a sua avante, designadamente com a arma de destruição massiva ideológica que foi a ofensiva política do discurso da tanga com que disfarçou a inviabilidade do seu projecto em Portugal, e mentiu aos portugueses.
O primeiro abcesso está por se ver se resulta em algum bem à cremalheira geral que é a Europa. O segundo, vimo-lo aqui, infectou e fez-nos perder os sisos.
Sorriso amarelo…

março 22, 2005

Ai Lisboa!

A esta hora, começam a reunir-se em Bruxelas os Chefes de Estado e de Governo da União europeia para relançar a chamada Estratégia de Lisboa.
De Lisboa e por Lisboa, a mensagem para o Presidente da Comissão europeia não poderá deixar de referir a oportunidade dada a José Sócrates de estar hoje presente na Cimeira da Primavera.
Apesar das limitações desta agenda - que cobre áreas tão variadas como a competitividade, o emprego, a educação ou a coesão social -, e sem orgulhos nacionais primitivos, espero que saibamos capitalizar a nível europeu e nacional o que há cinco anos fizemos pela Europa.

março 21, 2005

Colourblind

Infeliz coincidência a da manifestação pelos direitos dos imigrantes ter tido lugar após mais uma noite de luto para a PSP na Amadora. O Comandante viu-se forçado a responder a uma pergunta que não ouvi com um simples: 'caucasiano'...
A insegurança, todos nós já a sofremos na pele e nem é preciso ir para a Amadora. Um dia, um agente a quem pedi que passasse mais vezes na minha rua, respondeu-me que passavam, ao que eu retorqui: de carro! Pois. "Queria que fôssemos a pé, não? É perigoso." Pois.
Lembro-me de um dia ter escrito que gostava que Portugal se tornasse a Holanda da Europa, em termos de peso na arena europeia. Espero que não venhamos a sofrer do mal da terra das tulipas no caminho da intolerância.

março 17, 2005

Reencontro com o destino

Voltámos!

março 16, 2005

Este blogger não terminou aqui.

março 07, 2005

Que seca!

Que seca ter que tomar banho entre as seis e as oito da manhã, que seca ter que regular o organismo com Kellogs Fibre 1 ao pequeno-almoço, que seca ter que comer em pratos de papel, que seca ter que beber água engarrafada importada, que seca ter que lavar a roupa toda a seco.
Que seca? A que aí está. A tendência é sempre para pensar que em Lisboa estamos a salvo, que o Sul do país é o eterno martirizado. Mas se as barragens estão a seco, de onde virá a água? De Bruxelas não será com certeza.
Resta-nos a hipótese de voltar a colonizar os Açores ou de lançar um plano sério de gestão dos recursos hídricos. De alguma coisa há-de servir ter um Primeiro-Ministro perito em Ambiente.
À Sílvia, que me vai secando com estas 'pequenas' coisas.

março 03, 2005

D-100

Um dos argumentos apresentados pelos defensores da candidatura de José Manuel - ainda Durão - Barroso à presidência da Comissão europeia era o da visibilidade que o cargo traria não só para o nosso país na Europa como para a Europa em Portugal.
Temida pelo seu espírito engagé nos tempos de Delors, etilizada nos tempos de Santer, estupidificada com Prodi, a Comissão europeia arrisca-se a ser marginalizada na era Barroso. Bruxelas não é Portugal e provavelmente Barroso já se apercebeu disso. Não basta o marketing e a intriga de cúpula; é preciso visão e estratégia não só para a Europa, como para os mais de 20 000 funcionários da instituição. O balanço será feito a seu tempo; não faz sentido julgar a prestação de um Presidente da Comissão com base nos seus primeiros cem dias.
Mas já que decidiu ter uma participação activa na última campanha eleitoral em Portugal, parece-me justo esperar mais cem dias por uma qualquer iniciativa sua no nosso país. Há muito por onde escolher, da estratégia de Lisboa ao Tratado constitucional da UE.
Começou a contar o tempo.