janeiro 31, 2005

Vícios públicos, virtudes privadas

Com Tocqueville, aprendemos que a liberdade dos antigos não era a liberdade dos modernos. Que os primeiros utilizavam a sua liberdade para discutir assuntos da res pública, e que os segundos a desenvolviam na sua esfera privada. Pois bem, a nossa sociedade não é nem antiga nem moderna: repousa à sombra de um limbo nebuloso em que a liberdade só serve para adornar placas de avenidas e ruas.

Que me interessa a mim se o Nuno come homens e snifa coca; se a Zita lambe mulheres e não se depila; se o Pedro troca de mulher como quem troca de camisa?

Tratando-se de responsáveis (esta palavra diz tudo) políticos, o caso muda de figura, obviamente. Porque o que o país precisa não é de uma pessoa com ideias e determinação para as concretizar, é de um homem do leme austero, com o crucifixo pendurado por cima da cama que só partilha com a mulher com quem é casado pela Igreja. Quantos de nós, solteiros ou mal-casados, não cumprimos as nossas funções profissionais com responsabilidade e empenho?

No dia 20 de Fevereiro, vou fazer alpinismo para a estátua do Marquês. Liberdade: eu já fui gay!