dezembro 30, 2005

Prémio Loiro do Ano

Para o Superministro Diogo Freitas do Amaral, por ter sobrevivido tanto tempo, por ter salvo um traficante de drogas e um toxicodependente, por ter conseguido trazer o Aga Khan a Portugal.
É a política externa portuguesa de regresso ao esplendor e a glórias de outrora.

Prémio Loira do Ano

And the Oscar goes to...
Teggy Caeiro-Mouse, por dar vida a mais um aborto pró-americano.

dezembro 28, 2005

O renascer da lendária cultura do ‘ver para crer’

Há pessoas assim que, quando vão para uma entrevista e não lhes dão as perguntas com antecedência, têm rasgos de espontaneidade que, uma vez passado o crivo dos assessores, se apressam a desmentir na próxima aparição pública.

Quem não tem o dom da ubiquidade nem a veleidade de acompanhar in loco tudo o que possa vir a ser notícia, terá que se ir habituando à ideia de que a televisão – além das suas sacrossantas memórias biográficas, claro - é o único médium em que se pode confiar quando se tratar de supostas notícias sobre Cavaco Silva.

Como bom Presidente que quer ser, mais próximo do povo analfabeto que somos, Cavaco já deixou o mote. Rendamo-nos, pois, ao facilitismo atordoante da televisão e dos reconfortantes ‘eu nunca disse isso’.

Caixa negra

Não descansam enquanto não as encontram e, uma vez encontradas, parecem não servir para nada. Nunca ouvi um único relatório sobre o seu conteúdo. Começo mesmo a desconfiar que não passam de mais uma daquelas invenções humanas que só servem para desangustiar, para nos dar a sensação de que tudo é controlável.

Numa noite mal dormida, sonhei com caixas negras lançadas ao mar, caixas negras que encerravam tudo o que nunca consegui dizer sobre a injusta justiça dos homens, sobre arguidos e presumíveis inocentes, providências cautelares, recusas de juízes, prisões preventivas, prazos, recursos, mais prazos, e mais recursos. Com a mediatização de processos judiciais, um homem transforma-se, malgré lui, em perito destas coisas.

Recordo-me de ter escrito numa dessas caixas negras, como que para justificar a ausência de palavras quando o silêncio era atitude proibida. Do que escrevi pouco me lembro, a não ser da confiança depositada em quatro paredes para que transmitissem ao verdadeiro destinatário as palavras que enfim libertei sem receios.

Até ao teu regresso é natal

Natal atípico, sem regresso à terra, ao musgo fresco, à lareira, ao cheiro a flor de laranjeira. Frente ao mar, sem luar.
De repente o teu regresso, tu que partiste num telemóvel roubado, numa tarde abrasadora de Verão. Tu e as nossas conversas de quinta de manhã, tu e os teus 'miúda' com ar paternalista.
Enfim revelada a utilidade daquelas mensagens de grupo que se enviam quase por obrigação.

Post-it

Leva-me contigo.
Quero-me perder nas dunas do teu corpo, no calor da tua boca.
Sentar-me à sombra das estrelas da tua pele, matar a sede no orvalho dos teus olhos.
Derreter o frio no fogo do teu abraço.
Manda a lua avisar-me da hora da partida e leva-me contigo.

dezembro 19, 2005

Memento homo

Uma palavra de agradecimento para o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros que arrecadou para o país uma quantia considerável nas próximas perspectivas financeiras da UE. Senti a sua ausência no recolher dos louros…
Freitas fez a fita, os Ingleses lá acabaram por ceder. Muitos outros fizeram fita e os Ingleses acabaram por ceder. Ou não.
Salvou-se a UE. Salvou-se também o cheque inglês por mais três anos e criaram-se dois novos cheques, para Holandeses e Suecos.
Sem acordo, teria provavelmente sido o fim de um certo projecto europeu, disso não duvido.

dezembro 14, 2005

Natal dos Hospitais

Anita Matrona de Boliqueime 0 - Anushka Operária e Prostituta portanto 1

dezembro 13, 2005

Por falar em festas...

Para noites frágeis:

Érika-Amoreiras lindissima corpo escultural alto nível privado estacionamento.

ou

Marta africana de sonho! exótica... sensual... 23 A... luxo! comprove! ?

Canção de Lisboa

Terça, quarta, sexta.
E domingo sempre em festa.

dezembro 10, 2005

O mar sem ti

Mar picado, tempestade de sal. Palavras amargas, temperadas ao sabor da maré em encontros adiados sob o sol de Inverno.
No cais, presença ausente de quem sente o fim.
No mar sem ti.

dezembro 06, 2005

Amigável pela Paz no Mundo

Iceland 0 - Joyland 0

God bless America, always

Tenho andado a ler uns artigos extraordinários que defendem os métodos de tortura da CIA. Os argumentos são básicos, podendo resumir-se ao bíblico olho por olho, dente por dente: estivéssemos nós nas mãos de terroristas sanguinários, não teríamos qualquer tratamento especial. Afinal, aquilo é tudo para nosso bem, ou não encarnassem os EUA o Bem Supremo. Assim se poupam muitas vidas civis, sobretudo europeias, ao que parece.
Vêem-me à memória comparações hitlerianas facilitistas, técnicas consagradas de eugenismo e soluções finais para a SIDA. Mas limito-me a perguntar onde param os direitos humanos nesta defesa do indefensável.

Ainda a pérfida Albion

Contra algumas expectativas de corredor, Freitas do Amaral convoca uma conferência de imprensa para esclarecer que, da leitura superficial da proposta britânica para as perspectivas financeiras da UE, ressalta uma injustiça flagrante. Segundo ele, desde Abril que tem vindo a praguejar contra os pérfidos que querem tirar os fundos aos pobrezinhos portugueses. Momentos houve, porém, que parecemos satisfeitos com as dádivas luxemburguesas… Adiante.
À comitiva portuguesa junta-se agora José Manuel Barroso, o renegado. Achará ele que na era da globalização ninguém percebe o que ele diz em Português e que pode tecer aqueles comentários ao seu amigo Blair em público?
Conseguimos, ainda assim, ser citados pelo Ministro Straw. Vitória ou humilhação?

dezembro 05, 2005

Essa é boa!...

Quem é que me explica este súbito consenso nacional politicamente correcto de que os debates televisivos entre os candidatos presidenciais não têm influência no desfecho das eleições? Não têm desfecho nas eleições? O que tem efeito, então? Ver quem grita mais alto que quer unir os portugueses? Que estamos num período depressivo do regime e das instituições e que é preciso injectar ânimo ou estima nas pessoas e confiança e credibilidade no sistema?

Não há nenhuma outra eleição que tanto dependa do confronto personalizado entre as propostas apresentadas. Interessa, certamente, a comparação de projectos, de ideias e de respostas. Mas perceber os sinais que nos são transmitidos em simultâneo, no mesmo local e nas mesmas condições, por dois dos candidatos é, tem-no sido desde que há democracia, fundamental nas escolhas dos eleitores.

As últimas campanhas (de todo o género) têm tentado acompanhar este facto modernizando-se: troca-se o papel dos panfletos pelas sms e aposta-se sobretudo no trabalho de imagem e na personalização dos projectos.

E sejamos claros: se um debate não é clarificador, de três uma: ou os candidatos não conseguiram difundir a mensagem, ou a mediação fulanizou o diálogo, ou a mensagem é a mesma entre os dois.

Duas ideias. Primeira: as pessoas não têm disponibilidade para campanhas (ainda por cima para campanhas que se sucedem a um ritmo frenético) e concentram os esforços das suas escolhas na tv e em debates – estão no seu direito e o que é preciso é orientar o debate político para esse meio. Segunda: se tudo o que disse acima for mentira então amanhã ninguém gastará página de jornal a analisar o debate nem cavalgará a onda da descolagem da candidatura de Manuel Alegre porque o Professor Silva salivou dos cantos da boca e não ganhou por Knock-out.