dezembro 05, 2005

Essa é boa!...

Quem é que me explica este súbito consenso nacional politicamente correcto de que os debates televisivos entre os candidatos presidenciais não têm influência no desfecho das eleições? Não têm desfecho nas eleições? O que tem efeito, então? Ver quem grita mais alto que quer unir os portugueses? Que estamos num período depressivo do regime e das instituições e que é preciso injectar ânimo ou estima nas pessoas e confiança e credibilidade no sistema?

Não há nenhuma outra eleição que tanto dependa do confronto personalizado entre as propostas apresentadas. Interessa, certamente, a comparação de projectos, de ideias e de respostas. Mas perceber os sinais que nos são transmitidos em simultâneo, no mesmo local e nas mesmas condições, por dois dos candidatos é, tem-no sido desde que há democracia, fundamental nas escolhas dos eleitores.

As últimas campanhas (de todo o género) têm tentado acompanhar este facto modernizando-se: troca-se o papel dos panfletos pelas sms e aposta-se sobretudo no trabalho de imagem e na personalização dos projectos.

E sejamos claros: se um debate não é clarificador, de três uma: ou os candidatos não conseguiram difundir a mensagem, ou a mediação fulanizou o diálogo, ou a mensagem é a mesma entre os dois.

Duas ideias. Primeira: as pessoas não têm disponibilidade para campanhas (ainda por cima para campanhas que se sucedem a um ritmo frenético) e concentram os esforços das suas escolhas na tv e em debates – estão no seu direito e o que é preciso é orientar o debate político para esse meio. Segunda: se tudo o que disse acima for mentira então amanhã ninguém gastará página de jornal a analisar o debate nem cavalgará a onda da descolagem da candidatura de Manuel Alegre porque o Professor Silva salivou dos cantos da boca e não ganhou por Knock-out.