novembro 13, 2004

Para quem está barítono

Mario Cavaradossi:
E lucevan le stelle...
ed olezzava la terra...
stridea l'uscio dell'orto...
e un passo sfiorava la rena...
Entrava ella, fragrante,
mi cadea fra le braccia...
Oh! dolci baci, o languide carezze,
mentr'io fremente
le belle forme disciogliea dai veli!
Svanì per sempre il sogno mio d'amore...
L'ora è fuggita...
E muoio disperato!
E non ho amato mai tanto la vita!...

Tosca - Giacomo Puccinni


Esta é, provavelmente, a ária perfeita.
Tem é que se deixar correr a ópera, mesmo esta, até ao último acto (no caso da ária acima, o terceiro).
Até porque o nosso Cavaradossi afinal não morre...
Nem nós merecíamos.
Como o épico faz de todos nós sopranos e tenores, desafiar esta ária significa ouvi-la sem que nos atrapalhe os sensores. Todos.
Se isso acontecer, então, provavelmente já não merecemos nada.
Mas esta ópera é democrática: ninguém ganha aquele desafio. Somos todos iguais.