novembro 03, 2004

Dean Medicines

Bush venceu. Pela primeira vez, venceu.
Completamente desalentado pela perspectiva que esta vitória implica para os próximos quatro anos da minha, das nossas vidas tenho ainda, no entanto, paciência para reflectir sobre algumas coisas.
E a principal que me vem ocupando a mente desde que ontem comecei a menear a cabeça mal Rui Oliveira e Costa dava a vitória a Kerry (???) é a de que Bush, a sua administração e todos os busheviques pelo mundo fora não passaram a estar certos apenas porque W. ganhou um segundo mandato. Pelo contrário.
A diferença entre estes resultados nos U.S. e os da Espanha de Aznar reside no tipo de mentira contada pelo poder aos eleitores .
Os americanos foram cobardemente atacados no 9/11. Em casa. E o poder americano explicou aos seus eleitores que iria fazer tudo para vingar esse ataque. Tudo. Isto implicava a guerra e sobretudo, caso necessário, implicava mentir a antigos parceiros de alianças atlânticas que passaram a meter água por buracos do mesmo tamanho das WMD's que desapareceram do Iraque.
Em Espanha a mentira foi outra. Não tendo sido atacados em casa o poder explicou aos espanhóis que a melhor forma de evitarem essa probabilidade seria a de alinharem com Washington na aventura das arábias. Só que os espanhóis não acreditaram e fizeram questão de o demonstrar. Nas ruas e em massa. Sofreram em Março as consequências desse alinhamento, e o poder não reconheceu o evidente. Foi demitido.
Bush mentiu e ao fazê-lo cumpriu o que prometeu aos americanos. Aznar mentiu e ao fazê-lo demitiu-se do mandato inequívoco que os espanhóis lhe tinham dado pela segunda vez.
Não estamos melhor. Não andamos mais seguros. Não progredimos nem estamos mais ricos do que há quatro anos atrás.
Quanto a nós, bem... a nós também ninguém nos pergunta nada. A esquerda encolhe os ombros.
Quanto ao frenesim com que a direita, pelo menos alguma, aplaude a vitória republicana, francamente, faz-me lembrar a bajulação ignorante que as famílias portuguesas dispensavam sempre que o padre ía lá a casa.
Mas é lá com eles...