novembro 15, 2005

Manifestamente Europa

Constatação quase unânime: a Europa voltou a morrer.
Raptada na Grécia Antiga, tem vindo a morrer século após século, sendo talvez as datas fatídicas que me ocorrem mais rapidamente 1 de Setembro de 1939, 5 de Março de 1946, 22 de Janeiro de 1972, 4 de Dezembro de 1999, 29 de Maio e 1 de Junho de 2005, 17 de Junho de 2005, 27 de Outubro de 2005.
Europa, uma história de mortes e adventos intermitentes. Morre todos os dias sob as penas afiadas dos jornalistas, nas mãos da dupla Blair-Barroso, no arame farpado de Ceuta e Melilla, nas cités de Paris. Matámos o modelo social europeu, matámos o grande desígnio europeu.
Ainda hoje a Europa morreu na fronteira de Rafah quando, após meses de contactos entre Europeus, Palestinianos e Israelitas, a Sra. Rice aparece e realiza o milagre que podia ter sido nosso. Não temos política interna, não temos política externa. Não temos Europa.
E, no entanto, a culpa é sempre da Europa, é a Europa que não consegue crescer, é a Europa que não consegue defender o seu modelo social, é a Europa que não consegue integrar os seus imigrantes, é a Europa que não se consegue afirmar face à hegemonia norte-americana. Está condenada.
E nós condenados estamos a tê-la cada vez mais viva na consciência de todos, mesmo daqueles que se insurgem contra ela.