julho 06, 2005

Loira aberta

Na escola, sempre que nos pediam para contar como tinham sido as férias, lembro-me de cobrir o Algarve de neve e de fantasiar com aparatosas chegadas de helicóptero. O relato que se segue não se deve em nada à minha imaginação.
Fizemo-nos à estrada numa tarde quente de Verão, não na prometida roulotte, mas num potente 'love machine'. Paragem obrigatória numa estação de serviço que 'afinal não era bem aquela', mas que serviu diferentes propósitos.
Aterrámos enfim num espaço bucólico que dá pelo nome de 'Hotel dos Navegadores'. Entre Espanhóis e sexagenários acompanhados de criancinhas birrentas, lá conseguimos encontrar os quartos, depois de entrar num buraquinho à esquerda, e sair deles, guiados pelo cheiro a cloro e sempre munidos dos comandos - ar condicionado que afinal não precisava de comando, mas sim de uma voz máscula a gritar um fod... e TV - que a simpática menina-da-recepção-que-não-tinha-culpa-de-nada nos forneceu à entrada.
Deleitámo-nos naquele pavilhão polimultidesportivo com piscina coberta, pátio de relva sintética com chaises-longues a condizer, mas sem os buracos de golfe, bingo, bilhar, matrecos, actuações ao vivo - com e sem velhinhos, pela módica quantia de 35 Euros.
À saída, esses mesmos 35 Euros transformaram-se repentinamente em 52 pelo simples efeito da subida do IVA, segundo a simpática menina-da-recepção-que-não-tinha-culpa-de-nada. O Sócrates é um malvado? Não, os 35 Euros do quarto single equivalem a 52 no caso do single só ser ocupado por uma pessoa. Não engataste ninguém? São mais 17 Euros! Assim funciona o turismo em Portugal; temos que ser uns para os outros.
Oferecemos uma estadia para duas pessoas, com mais de sessenta anos e criancinhas apensas, em quarto single, ao/à primeiro/a que adivinhar onde demos com este paraíso na terra.