dezembro 29, 2004

O semi-quarto

Embora não sendo comentadora, nem jornalista, permito-me, na qualidade de público que procura informação, um breve comentário a um episódio jornalístico que não mereceria uma linha, não fora o alcance na vida de alguns cidadãos. Basta que um jornalista reencarne em justiceiro, para que não haja justiça possível. Basta que se publique - com direito a chamada na primeira página -, num dia de luto quase mundial, que, em 2029, um asteróide colidirá com a Terra, que o risco é o mais alto de sempre, mas que o mais provável é nunca acontecer, para que um jornal se transforme em leitura de casa de banho.
Que os senhores que entretanto foram corridos passaram o seu breve reinado a enganar-nos, já nós sabíamos. Mas que, no final do ano, quando já demitidos, se dêem ao luxo de desmentir que não pagam o que já não pagaram, é inominável. Nem o jornalismo serve para isto, nem acredito em quartos poderes. Mas pareceu-me importante reforçar a atitude jornalística, por respeito por aqueles que mais o merecem, seja da parte da sociedade ou do Estado: os desempregados e os doentes.