agosto 13, 2004

Máscaras de lata




Posso dizer-vos que ontem deixei o blog meio arrependido com medo de ter exagerado com os três posts sobre o regime à la Sampaio. Depois li o Independente de hoje e passou-me.

Jorge Sampaio não será, certamente o responsável pela degenerescência do Estado de Direito em Portugal. Como também não seria se o mesmo Estado de Direito gozasse de saúde plena. E o problema é exactamente esse.
Foi Sampaio quem viabilizou esta solução de Governo; mas não é dele a tutela sobre o director nacional da PJ.
Foi Sampaio quem, públicamente, veio apoiar este PGR (a banhos, confortavelmente); mas não é a ele que cabe propôr o seu nome e sustentá-lo políticamente.
Foi Sampaio que nos disse que tinha como dever velar pelo regular funcionamento da Justiça; mas não é a ele que cabe despachar semanalmente com o Director Nacional da Polícia Judiciária (era a Celeste Cardona).
Agora que assistimos ao desmascarar do "Tip of the Iceberg" deste apodrecimento dormente da democracia a que Sampaio preside, temo bem que o Presidente perceba agora quais são, verdadeiramente os seus poderes. Não tem tutela sobre a PJ? Não foi ele que propôs este PGR? Não fiscaliza a acção judiciária? Pois não.
A ele só lhe cabe viabilizar os responsáveis políticos por este estado de coisas. O verdadeiro poder de Sampaio, de exonerar quem contribui para a doença do regime, foi traído pelo próprio. É o único que tem. E passa a vida a insistir nos que não tem: vai fiscalizar Justiça, Finanças Públicas, Defesa? Eu não o mandatei para isso. E a Constituição não lho permite.

Dr. Sampaio: fique quieto. Deixe-se estar como de costume. Não demita ninguém, nem proponha nomeações. Quando esperei algo de si, fugiu-me. Agora, não se mexa.
O Sr. não tem máscara para tirar. Mas está sempre na primeira fila a assistir ao desfile. E de vez em quando até aplaude....