abril 18, 2005

Bodylandscapes

Quem fosse à exposição da artista alemã Rebecca Horn pelo chamariz do título poderia sentir-se a princípio defraudado, mas essa sensação era rapidamente suplantada pela força imponente das suas instalações.
Estive quinze minutos a ponderar se devia deixar uma mensagem no círculo de areia que lá havia e que uma criança atravessara a correr, seguida por uma gaivota, outros quinze a deliciar-me com o reflexo azul do que me pareceu um espermatozóide a entrar num óvulo num laboratório à luz da lua cheia. Olhei de lado e com tom ameaçador uma faca escondida por detrás de uma pedra, esperando o momento em que se espetaria em mim. Esqueci o tempo numa sala enorme onde a música, a água e as palavras projectadas em mim me fizeram apagar tudo o que vamos amamentando a sangue frio.
Como sempre, fui no último dia da exposição, pelo que quem não foi, terá que ir ver a outra cidade.