fevereiro 18, 2005

Em jeito de resposta

Carta afixada à porta do Hospital de Santa Maria

Meu menino,

Não parei de ler a sua carta; fui atropelada. Acidente de percurso,
nada de grave. Hei-de me reerguer,
tal como o Pedro. Não vou poder ir votar, mas
quero que saiba que eu não sou parva; só
se fosse votava no outro. O menino
sabe que temos algo em comum: choramos, sangramos. Ele
não vale nada. Estou farta de putos mimados
que só querem colo. Não é
como o Pedro, o menino
que luta pelo seu povo. Ele que
continue a chorar e a fazer beicinho.
Sempre achei que tínhamos algo em comum.
Castraram-no? Também a mim
e todos os dias
me dói o que andaram a fazer com o nosso país.
Diga-lhe para desaparecer.
Eu dou-lhe o colo. Vai mas é trabalhar, malandro!


(Vale a pena ler de novo, saltando uma linha...)