dezembro 13, 2004

Cromo de Portugal

Fui multado, pela primeira vez em muitos anos de carta e ainda mais de condução.
A infracção dizia respeito à falta de inspecção do carro e doeu-me 250 euros (sim – cinquenta mocas).
Tanta vez que no passado - distante obviamente – merecia realmente ser caçado pela polícia e me safei com a pior linha de argumentação contra os mais sofisticados guardas da GNR, e logo havia de ser apanhado por dois gordos da PSP de "XXX" do Porto que não caíram no meu engodo: sucede que achei por bem dirigir-me a eles no seu terreno, com a sua terminologia. Aquela linha semântica que todos reconhecemos, entre o jurídico-delirante, o jargão de poeta-amador da colectividade lá do sítio e o autoritário-ignorantismo de quem disfarça a parolice com a farda. Ora vejam:

Chibo: Boa noite. Os seus documentos por favor.
Eu: É para já. Se me dá licença tiro-os do casaco que está lá atrás (do carro). Aí tem: identificação, carta de condução... quer o número de identificação fiscal ? (em jeito de o pôr à vontade com uma piadita acessível)
Chibo: (olha-me com imediato desprezo) O Sr. Condutor não tem que me dar conta da sua situação fiscal. Apenas da sua probidade para conduzir!
Eu: (eh lá! Ele disse probidade. Fantástico – temos poeta!) Clarinho, clarinho como acima de sargento estar tenente! (outra piadita estúpida esquecendo-me que a PSP é uma força de segurança CIVIL)
Chibo: tem a inspecção em dia? (olha-me como quem olha o chispe que vai por na panela)
Eu: Sr. Agente esta viatura em que circulo não é minha... perdão, não sou eu o proprietário da viatura em questão e derivado disso (sim, derivado disso) não estava ao corrente da inconformidade jurídica que representa circular com a mesma... viatura.
Chibo: ... (de olhos semicerrados fixa-me)... Prontos - vou autuá-lo!.
Eu: ...?
Já sei, já sei. Mereço cada cêntimo da coima...