dezembro 10, 2004

Fumaça

Em "As viagens na minha terra" há, a certa altura, uma discussão sobre quem é mais forte: se os forcados que enfrentam a investida em fúria de um touro de 450 kg ou se os pescadores que todos os dias enfrentam a vida e o mar, que não tem peso mas também não tem remédio.
Do ponto de vista de quem esteve hoje a olhar o mar durante duas (calmas) horas, e dispensou 15 minutos a ler "Visão", "Sábado", "Público", e "DN" sobra uma sensação de relativização daquilo a que chamaria de... Lisboa.
Amanhã Paulo Portas não deixará a pose de Estado (Novo) e fará certamente um ataque duríssimo à tentação em que se deixou caír o mais alto magistrado da nação. No tom certo. Na incoerência total, travestida pela aparência que é o que conta.
Santana não deixará de se fazer imagem de todos os portugueses a quem os poderes instalados não permitem o progresso na vida que escolhem. A chamada vítima. É natural que o faça: não está habituado a apresentar e representar projectos, nem a bater-se por eles. Não sabe fazê-lo.
Sócrates não deixará de... não acrescentar nada à nossa existência. Estará certamente com o melhor que tem o PS para formar Governo em Fevereiro (Maria João Rodrigues, Santos Silva, Vieira da Silva e alguns mais) e saberá já que o maior do PS (Vitorino) partirá nesse mês. Sabe também que a factura do apoio massivo/imediato de todas (menos uma) as estruturas do aparelho vence, como qualquer factura comercial, a sessenta dias... sem desconto.
É como se vê. Diga o que disser às 20.00 horas do dia 10 de Dezembro de 2004, Sampaio não deixará de ser o que é. E a realidade continua como sempre.
São mais corajosos os pescadores, por mais viris que sejam os forcados.