O sacrifício iluminista
Para chegarmos ao conhecimento temos forçosamente que ser exógenos, estranhos. Distantes.
A profundidade da compreensão implica sempre a efemeridade. E não por anulação da subjectividade ou do nevoeiro emocional. Não se trata de método científico. Pelo contrário: como alguém me ensinava no outro dia - "tem que ser Descartes com Candomblé!".
Viajei de volta a uma interrogação onde vivi há dois anos. Nessa época não fui cosmopolita intelectual nem assimilado no exílio. Despojei-me e entreguei-me às alturas. Para absorver. Inquietante, agora que conheço o alcance do meu fracasso.
A Índia forma 1.800.000 engenheiros informáticos por ano e espera-se que em 25 anos ultrapasse a população da China. A Indonésia mandou 200.000.000 de eleitores a votos naquela que é simultâneamente a maior e mais moderada democracia islâmica do mundo - sem altercações. O Japão não tem nem território nem recursos naturais - está no "cutting edge" do milénio de Peixes e nem por isso se baseia na exploração de mão-de-obra. A China - "Yes, still communist..." - é hoje o único bloco verdadeiramente autónomo dos EUA (aliás em "Plan of Attack" de Bob Woodward lá aparece que no brieffing sobre ameaças externas sobre os EUA conferido ao cowboy Bushvique e a Rumsfeld, a China aparecia em terceiro lugar). Prepara-se para a ultrapassagem. Em tudo, e em breve.
É da Ásia a nova Renascença.
E porquê? Porque na Ásia se domina o chamado "Capital Simbólico". Não, não me converti nem a Krishna, nem ao Corão. Não acredito no Deus Católico. Mas também já percebi que não sou - não somos - a criatura/reflexo de perfeição na Terra. Porque acredito, sim, no potencial infinito do género humano e nas limitações que nos são impostas - todas artificiais.
E é destas limitações que "estes seres baixitos, amarelados", famintos aos milhões, se andam a desviar.
Usando, milénio após milénio, do mesmo capital simbólico. As mesmas orações, os mesmos ensinamentos, as mesmas respostas aos fenómenos naturais, os mesmos Deuses. A mesma, exacta, forma de construír uma casa. Com tecnologia anti-sísmica rodeada de rituais de bambu e oferendas à Mãe-Terra. Que não tem 2000 anos. Tem 100.000.
É o Candomblé que se serve de Descartes e não ao contrário, como nos quis convencer essa perene instituição da Igreja Católica que foi a Sagrada Inquisição.
E foi no meio desta vegetação simbológica exuberante que me vi regressado àquela "praia adiantada" do Cinatti. Vivendo lá, temi o "Estado Falhado" de que falava Khalevi J. Holsti. Passando por lá conheci a procura da "Felicidade Nacional Bruta" em vez da busca pelo PIB de Singapura.
E que solução tem aquele Povo para a atingir? Qual é o próximo passo?
É o animismo ideológico: "Estamos a matar a Mãe para ir ao baile do orfanato".
Assim.
Se eu lá vivesse, indignava-me. Como só lá estava de passagem, fez-se-me um clique.
Só agora, meu Deus...
A profundidade da compreensão implica sempre a efemeridade. E não por anulação da subjectividade ou do nevoeiro emocional. Não se trata de método científico. Pelo contrário: como alguém me ensinava no outro dia - "tem que ser Descartes com Candomblé!".
Viajei de volta a uma interrogação onde vivi há dois anos. Nessa época não fui cosmopolita intelectual nem assimilado no exílio. Despojei-me e entreguei-me às alturas. Para absorver. Inquietante, agora que conheço o alcance do meu fracasso.
A Índia forma 1.800.000 engenheiros informáticos por ano e espera-se que em 25 anos ultrapasse a população da China. A Indonésia mandou 200.000.000 de eleitores a votos naquela que é simultâneamente a maior e mais moderada democracia islâmica do mundo - sem altercações. O Japão não tem nem território nem recursos naturais - está no "cutting edge" do milénio de Peixes e nem por isso se baseia na exploração de mão-de-obra. A China - "Yes, still communist..." - é hoje o único bloco verdadeiramente autónomo dos EUA (aliás em "Plan of Attack" de Bob Woodward lá aparece que no brieffing sobre ameaças externas sobre os EUA conferido ao cowboy Bushvique e a Rumsfeld, a China aparecia em terceiro lugar). Prepara-se para a ultrapassagem. Em tudo, e em breve.
É da Ásia a nova Renascença.
E porquê? Porque na Ásia se domina o chamado "Capital Simbólico". Não, não me converti nem a Krishna, nem ao Corão. Não acredito no Deus Católico. Mas também já percebi que não sou - não somos - a criatura/reflexo de perfeição na Terra. Porque acredito, sim, no potencial infinito do género humano e nas limitações que nos são impostas - todas artificiais.
E é destas limitações que "estes seres baixitos, amarelados", famintos aos milhões, se andam a desviar.
Usando, milénio após milénio, do mesmo capital simbólico. As mesmas orações, os mesmos ensinamentos, as mesmas respostas aos fenómenos naturais, os mesmos Deuses. A mesma, exacta, forma de construír uma casa. Com tecnologia anti-sísmica rodeada de rituais de bambu e oferendas à Mãe-Terra. Que não tem 2000 anos. Tem 100.000.
É o Candomblé que se serve de Descartes e não ao contrário, como nos quis convencer essa perene instituição da Igreja Católica que foi a Sagrada Inquisição.
E foi no meio desta vegetação simbológica exuberante que me vi regressado àquela "praia adiantada" do Cinatti. Vivendo lá, temi o "Estado Falhado" de que falava Khalevi J. Holsti. Passando por lá conheci a procura da "Felicidade Nacional Bruta" em vez da busca pelo PIB de Singapura.
E que solução tem aquele Povo para a atingir? Qual é o próximo passo?
É o animismo ideológico: "Estamos a matar a Mãe para ir ao baile do orfanato".
Assim.
Se eu lá vivesse, indignava-me. Como só lá estava de passagem, fez-se-me um clique.
Só agora, meu Deus...
<< Home